Imagem para o artigo Poemas Brancalonianos.

Coletânea de Poemas Brancalonianos

Esta coletânea de poemas foi criada por Mateus Herpich, remodelada e adulterada a partir de famosas poesias de várias épocas e lugares para tornar mais líricos os Contos Que os Canalhas Contam.

Sessão 1: Navegar É Impreciso

A calmaria antes da tempestade

É célebre em muita poesia

Mas, hoje, a maresia

Traz também oportunidade

Os canalhas da nossa história

Não foram ao mar por opção

Acabaram em perseguição

Por culpa da gafe notória

Mas chega de choro e de vela

O mar para peixe hoje está 

O destino é um livro aberto 

E você, mesmo analfabeto

Não precisa ler, só folhear.

Enquanto a tormenta se esvai

Bota o mapa na mesa

Abandonando a certeza

A faca aos ares jogai

A lâmina sobe e cai

A sorte prega uma peça

De fato acerta a cabeça

Do monge, que grita: AAAAI

Sessão 2: Ilusões Idióticas

Canalhas com talhas assinaladas,

Zarpados de praia zagaresa

Por águas nunca d’antes navegadas

Passaram por ilhas de mui beleza

Em perigos e balbúrdia esforçadas

Mais do que prometia a esperteza

E o cais de Porto Anduja avistaram

E novos crimes, na nova terra, enfim, chegaram

Sessão 3: Máfia Ciliciana

Solumbrava… e os criminosos tolos

Em vertigiros perturbavam a taberna

Trisciturnos, calvavam-se os calouros

E os Canalhas escapavam da baderna

Sessão 4: Fé na Cova

Se a má-sorte predomina na aventura

O ouro, o barco, a fama e o imenso mar

Podem sobreviver à varredura

Da infame força da maré de azar?

Como pode o aroma da boa refeição

Deter o forte ataque da maresia

Se a folga e planos e a preparação

O mar chama para sua freguesia

Sessão 5: Acquamorte em Pedra Dura

Quando morri, um malebranque

Desses que dançam nas sombras

Disse: Volta, morto de questão não resolvida

Os padres expiam os homens

Que correm atrás dos alferes

O mausoléu talvez fosse belo

Não houvesse tantos segredos

O homem ao lado do Bigode

É sério, simplório e forte

Reza mais que conversa

Está preocupado com os mafiosos amigos

E se pergunta:

Pai Ternal, por que os abanonaste

Se sabias que eram mais fracos?

Se sabias que iriam perder?

Sessão 6: Os Santos do Monte

Quando o canalha adormeceu

Pôs-se na rede a sonhar

Saindo do Mausoléu

Queria voltar pro bar

No sono em que se perdeu

Zarpou para alto-mar

Fugindo de virar réu

Velejando para escapar

A máfia se aborreceu

E pôs-se de barco a caçar

O plano deixado ao léu

E querendo voltar pro bar

Sessão 7: Asa à Cobra

E agora, Ralé?

A festa acabou

A guarda chegou

O povo sumiu

E o dia raiou

E agora, ralé?

E agora, vocês?

Vocês sem renome

Que zombam dos outros

Dos crimes diversos

E agora estão presos

E agora, ralé?

Sessão 8: Mar com Burros D’água

Vão-se embora da Alázia

Lá, são amigos do frei

Lá tinham talha graúda

E a trama que planejei

Vão-se embora da Alázia

Lá, não eram livres

A existência era desventura

De tal modo inconsequente

Que o vigário de vestido

Louco e cruel regente

Vinha a ser contraparente

Do frade e dos seus amigos

E quando estiverem longe

Longe de nem ter vista

Quando de noite estiverem

Navegando em alto mar

– A trama, eu abandonei!

A Talha está mais graúda

E, ao menos, ainda tem um frei.

Foram embora da Alázia

Sessão 9: O Golpe do Baú

De tudo ao meu redor sou desatento

Mudas teu cabelo e eu me espanto

E mesmo em face do teu desencanto

Ainda encanto o meu pensamento.

Exijo teu amor há tanto tempo

E faço juras perante os Santos

Rogo pragas e derramo prantos

E, de alguma forma, nunca tomo tento

E, assim, quando o destino traz-te a mim

Quem sabe a morte, augúrio de quem vive

Quem sabe a solidão da cela fria

Ou, ainda, a esperança que eu tive

De ouvir tua voz dizer minha fantasia

De um jeito ou de outro, que este seja o fim.

Sessão 10: Crimini Não Compensa

Numa tarde azul-celeste, navegavam cafajestes

Em um navio-fantasma vindos de mares austrais

Um matrimônio acontecia e já até anoitecia

E o plano mirabolante corria bem até demais

Catapulta, bolo, noiva, tudo ia bem até demais

Mas disse o mestre: “Isso jamais”

Então a névoa estranha e escura rastejou como criatura

Trazendo agouros piores do que as nuvens temporais

Não fez nem um cumprimento, pegou todos sonolentos

E, com ar solene e lento, trouxe ventos infernais

E os canalhas, de tal sombra que os puxa mais e mais

Vão se libertar… nunca mais!

Sessão 11: Pedra, Rapel e Tesouro

Nem tudo que fulgura é ouro,

Nem toda névoa é de frio;

Penúmbria é sempre mau agouro,

E os canalhas fogem pelo rio.

Do fogo, a cinza há de vir

Da noite, o sol vai chegar

A cabra contente vai sorrir

A garrafa vazia, transbordar.

Sessão 12: A União Faz A Forca 

“Venham por aqui” – diz o Condottiero

Estendendo os braços e avisando

Que seria melhor que ouvissem

Quando lhes diz: “venham por aqui!”

E os canalhas olham de soslaio

(zombeteiros e despreocupados)

E cruzam os braços

E nunca vão por ali… 

Preferem navegar através dos tormentos, redemoinhar aos ventos

Como farrapos, arrastar os pés lamacentos do que vir por aqui.

Vieram ao mundo pra fazer farra nas tavernas animadas

E rabiscar seus nomes nas terras inexploradas

O mais que fazem nem vale nada

Ah, que ninguém lhes ofereça piedosas intenções

Ninguém lhes mande para prisões

Ninguém lhes diga “Venham por aqui!”

A vida de canalhas é um vendaval que se soltou

Uma onda que se alevantou,

É uma fagulha extravagante que se agitou

Eu não sei por onde vão

Eu mal sei para onde vão

Sei… que não vão por aqui

Sessão 13: Um Golpe à Brancalônia

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas ao vendaval?

Para te cruzar, quantos navios roubaram?

Quantos vigários em vão rezaram?

Quantas noivas fugiram pra não casar

Para que pudessem te atravessar, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a talha não é pequena

Quem quer ir de Zágara a Vortiga

Tem que vencer a fadiga

O Pai Ternal ao mar o Canalha lançou

Mas foi nele que a glória e a infâmia encontrou

Assista à campanha completa Contos que os Canalhas Contam para ver como os poemas se relacionam a cada um dos episódios e aos nossos canalhas favoritos.

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