Aos Tupiratã

Eu já corri sem rumo, sem matilha, sem estrada, mas foi entre vocês que encontrei minha morada. Um bando meio torto, meio certo, meio insano, mas se o mundo cai, tamo junto até o último engano.

Tem quem lute com garras, com dentes, com aço, e quem luta com a alma, com palavra e com abraço. Tem quem segue o instinto, sem medo de errar, e quem guia a matilha com um só olhar.

Um é trovão, faz tremer o chão, outro é maré, correnteza e canção. Uma é a mente afiada, o passo ligeiro, outra é luz na noite, o lume certeiro.

E tem aquele que é chão, raiz, fortaleza, rosto de pedra mas doçura acesa. E tem o que não fala bonito, pouco sabe escrever, mas lê a vida no vento, no rastro, no amanhecer.

E eu? Ah, eu sou só esse caramelo, meio canalha, meio trapaceiro, muito filho. Errei mais do que devia, corri quando não podia, mas se caí, foi sempre na melhor companhia.

Me perdoem os tropeços, os riscos, as falhas, se alguma vez duvidaram que eu sou dessa praia. Porque eu sou, e sempre serei, onde quer que o vento me largue, pois família a gente escolhe, e vocês foram minha melhor escolha, sem alarde.

Se a gente sangrou, que seja pra regar o amanhã, se a gente caiu, que seja pra erguer quem virá. O futuro é dos próximos, das pegadas que deixamos, tomara que um dia digam: ‘Eles passaram e não se curvaram.’

E se em algum canto do tempo alguém lembrar do Santo, que lembre com riso, com um gole, com encanto. Porque viver foi uma guerra, mas amar vocês… Foi a alegria que pôs fim ao pranto.

Arte de Janio Garcia.

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Gregory Goda
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